Tarde de domingo
Como sempre aos domingos à tarde eu estava sozinha.
O apartamento no centro de São Paulo parecia uma bolha diante da algazarra que se fazia do lado de fora.
Com uma xícara de café nas mãos, camisola desgastada, estava no beiral da varanda, observando toda aquela alegoria.
Parecia final de copa do mundo, misturado com carnaval e passeata política.
Eu sorria ao observar aquilo, mesmo que não compreendesse se havia motivo para tanta festança, esperava pelo melhor que eles comemoravam.
Minha mente saiu daquela situação e voou dez anos atrás, quando prestes a entrar na universidade traçava minhas metas para o futuro. E que futuro! Onde foi que o mundo virou à esquina e eu perdi o ponto? Os filmes, peças teatrais, músicas, encontros, amigos, livros... tanto embasou meu sonho de mudar o mundo, de ajudar as pessoas a construir seus conhecimentos, compreender a realidade alheia, conquistar a igualdade de direitos, fazer se efetivar os direitos humanos e constituição. Enfim.
Como um flash retomo consciência. O povo grita, bebe e dança nas avenidas. De repente um som amortecedor, com um baque a brincadeira se silenciou por milésimos de segundos, risos e aplausos seguiram o curso.
Mais um som daqueles, e outro, e outro, cheiro de pólvora!
Sinto meu corpo ser atingido por algo, uma dor surreal, olho para baixo e sinto cheiro de ferrugem, algo quente escorre pelo meu corpo, como os sonhos não vividos, os risos não dados, o amor não compartilhado, visão fica turva, demoro uns segundos para entender o que aconteceu.
Ninguém mais compreendeu...
https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=130695
Uau!!!! Bem profundo!!! Que incrível vontade de mudar o mundo!!! Mas acredito que o presente sempre retorna ao passado!!! Estamos patinando!!! Mas continuemos, pelo menos, sonhando!!!
ResponderExcluirNossa! Magnífico! E assustador.
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